quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Há Dias Assim

Olá Gente!

Quando criámos este blog, eu e a Catarina queríamos sobretudo que fosse um espaço onde partilhássemos um pouco mais de nós. É claro que com o passar do tempo, as nossas preferências vão-se tornando óbvias, pelo que há assuntos que sempre serão por aqui mais batidos. Começamos por dizer que ambas éramos (e somos) Técnicas de Radiologia no desemprego. Embora a Catarina tenha entretanto tido uma oportunidade fora da área, a nossa condição continua a ser Técnicas de Radiologia afastadas da profissão.




Sou portuguesa. Embebida em toda uma alma Lusitana que muitas vezes me supera. Tenho o coração na boca. Sinto saudade. Tenho em mim uma garra medieval e quero sempre mais. A diferença, é que jamais considerarei perder as minhas conquistas e jamais cruzarei os braços. É suposto aqui falar-se de "tudo e de nada". E eu hoje vou falar de algo que além de me ferir, de me magoar, me corrói!

Infelizmente continuo desempregada. Na verdade podia já ter arranjado emprego e aceito que mo digam. Acontece que decidi dedicar-me à pós-graduação e além disso tentar explorar mais de mim. Afinal eu não sou só Radiologia. 

No último ano pus à prova o que eu julgava ser o meu "Eu" absoluto e irrefutável: 

- Fui aprender inglês, depois de me ter mentalizado que jamais seria capaz de o fazer;

- Fui ter aulas de costura, ressuscitando na família uma profissão tão antiga;

- Iniciei a pós-graduação quando já havia interiorizado que não valia mais a pena tentar;

- Atrevi-me a experimentar novas verdades e sentir o Reiki;

- Comecei, juntamente com a Catarina, este blog onde era suposto sentirmos que a nossa voz era ouvida, que não éramos só mais uma pessoa no mundo;

-Recentemente, decidi explorar uma característica que me tinham atribuído, a de comunicadora, e experimentar os vídeos no youtube;

- E acima de tudo, foi um ano de reconhecimento pessoal. De redefinir quem sou. E finalmente valorizar-me, assumir que sou um ser cheio de defeitos mas também de virtudes e qualidades. Sou única. Sou insubstituível. 

O melhor de tudo, é que há ainda muitas outras coisas que quero fazer. E na verdade falta-me o tempo.

Agora vem a parte desagradável da conversa.

O meu dia precisava de ter, definitivamente 48h. Mas isso não é possível pelo que me vou remediando com o que tenho! Acontece que recebi uma convocatória do Centro de Emprego a fim de participar numa formação de 250h (todos os dias durante 3 meses) a partir de quinta-feira, dia 5. Bom, a questão é que ainda no final de Dezembro estive a falar com uma assistente social que me havia dado uma folha para preencher com formações que gostaria de fazer, por ordem de preferência. Fi-lo, mas não sem antes a questionar e finalmente deixar uma nota, no campo destinado a tal e denominado de "Observações", de que estaria indisponível para formações até dia 27 de Março, data de termino da minha pós-graduação. Não suficiente, recebi ainda uma convocatória para uma palestra a realizar-se no dia 4 de Fevereiro. Claro que ambos os documentos se faziam acompanhar dos típicos ultimatos que deveriam ficar reservados para as questões diplomáticas. 

Ora, nas próximas 8 semanas, terei aulas em 6 semanas. Há 4 trabalhos para entregar e ainda dois testes para fazer, sendo que uma das cadeiras será leccionada meramente por médicos, pelo que a sua dificuldade é visível. Há que dar o beneficio da dúvida e ir ao centro de emprego tentar resolver a questão.

O capitulo seguinte é previsível e muito provavelmente comum a outros testemunhos. Sermos atendidos por um individuo que fica muito a dever à educação e sobretudo às relações humanas. Expus a situação tendo-me até feito acompanhar de documentos oficiais que comprovam a veracidade das minhas palavras. Esse tal senhor, tratou-me com um desdém quase inqualificável e com uma postura de superioridade prepotente constante. Dizendo que "Qual é o problema de conciliar as duas coisas" (nenhum como é óbvio, não durmo, parece óbvio e dizendo) "O que eu devia fazer era cancelar a sua inscrição", aplausos para o tratamento qualificado a um SER HUMANO. Nem tão pouco vou referir o facto de que sou licenciada porque isso pouco ou nada interessa, eu sou uma pessoa! Tenho sentimentos e senti-me além de mal tratada, injustiçada. 

Senti-me inútil. Deprimida. Mais um desocupada no país. Imprestável. Desinteressante. Desmotivada.

Não fosse eu ter "perdido" parte deste ano a pensar em mim e no meu valor, e teria simplesmente atirado a toalha ou chão, e mostrado a bandeira branca de quem se rende.

Não me rendo. Não cedo. Respeito e por isso exijo ser tratada com o mesmo respeito que eu ofereço ao próximo. Seja quem for.

Naquele local onde a aura é tão pesada e aflitiva devíamos sentir o oposto. Sairmos de lá com esperança, vontade, força e sensação de que somos alguém! Que temos qualidade e que o que é nosso está guardado, temos apenas de procurar, muitas vezes dobrar o cabo da boa esperança, vencer o adamastor e navegar por caminhos nunca antes navegados.

Senti-me tão rebaixada, que tive até de justificar-me publicamente. Dizer que não, eu não estou a ver os dias passar! Estou a lutar por um dia melhor. Um futuro. Um rumo. Que eu ainda não sei bem qual é!

Foi um desabafo. De quem, uma vez mais digo, ou fala com o coração na boca ou tem a alma nos dedos.

Um beijinho,

Da já refeita e revigorada (nada que duas horas de ginásio não curem),

Carla











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